O desenvolvimento tecnológico como programa de governo: o Programa de Incentivo à Inovação Entenda neste artigo como o desenvolvimento tecnológico é impulsionado por programas como o Programa de Incentivo de Inovação, pelo modelo tríplice hélice.
As Instituições de Ciência e Tecnologia são conhecidas pelo seu papel essencial na geração de soluções inovadoras para os problemas atuais. Porém, elas nem sempre são lembradas como protagonistas no desenvolvimento tecnológico e socioeconômico do país. Um bom lembrete: você conhece os dados sobre o papel dessas instituições na economia?
O aumento do PIB de regiões vizinhas a universidades é confirmado em 78 países, segundo este estudo que analisou mais de 15.000 instituições por 60 anos. Os autores estimaram que um aumento de 10% no número de universidades, per capita, significa um aumento de 0,4% no PIB local. Isso devido à formação de pessoas qualificadas e à inovação.
Em meio à escassez de investimentos no desenvolvimento científico e tecnológico, muitas vezes bons programas já realizados ficam esquecidos. Sabia que em Minas Gerais temos um programa que investiu em ações que impulsionam esse papel das universidades?
Confira no artigo como o Programa de Incentivo à Inovação (PII) usou o modelo tríplice-hélice para desenvolver o estado de Minas Gerais.
Tríplice Hélice: a sociedade acompanhando a universidade na inovação
As universidades são centrais no desenvolvimento econômico, mas não são exclusivas. Por mais que sejam a origem de diversas inovações, precisam de ajuda para que não se tornem seus limites. Pensando nisso, o modelo Tríplice Hélice foi desenvolvido.
O modelo Tríplice Hélice foi proposto pelos professores Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, e propõe a participação conjunta de governo, empresas e academia no sistema de inovação. Nele, o governo estimula a inovação descoberta na universidade a atingir a sociedade através da resolução de problemas pelas empresas.
Mais que apenas âentregarâ tecnologia da universidade para as empresas, o Tríplice Hélice leva à criação e transformação de instituições. Ao final, é estabelecida uma dinâmica de mudança no sistema de inovação que se retroalimenta e leva a um novo paradigma tecno-econômico.
Esse novo papel tem crescido significativamente e aumentado sua relevância desde meados da década de 1980. Isso devido a leis de propriedade intelectual e investimento governamentais, que incentivaram o desenvolvimento e comercialização de tecnologias criadas em universidades.
O Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação abre oportunidades que facilitam essa interação. Ele simplifica procedimentos para gestão de projetos de ciência, tecnologia e inovação, além de adotar controle por resultados em sua avaliação. Todavia, ainda precisa ser regulamentado nas instituições.
Mais que apresentar boas ideias, exemplos reais são fundamentais. Veja a seguir casos que trazem mais elementos para compreender.
Três exemplos reais que ilustram a teoria:
Departamento de Ciência da Computação (DCC) da Universidade Federal de Minas Gerais: unidade Embrapii de Softwares para Sistemas Ciberfísico;
Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG): Inatel Competence Center, unidade Embrapii na área de Sistemas de Comunicação Digital e Radiofrequência:
Campus da Universidade Federal de Itajubá em Itabira (MG): grande aposta da cidade para a diversificação econômica da região a partir da diminuição da atividade mineradora na região na próxima década.
Os obstáculos do desenvolvimento tecnológico
Apesar da evolução gradativa, os obstáculos são grandes.
Por parte da universidade:
- baixa valorização da Instituição, em especial das pesquisas aplicadas
- descontinuidade dos projetos
- lentidão, devido às questões burocráticas
- escassez de recursos financeiros
Por parte das empresas:
- baixo investimento em projetos que possam assumir riscos
- necessidade de resultados imediatos
- pouca valorização da tecnologia (foco na inovação incremental em detrimento à disruptiva)
- desconhecimento do potencial de pesquisa das universidades.
Por parte do governo:
- políticas públicas que não valorizam a inovação e o desenvolvimento tecnológico
- escassez de recursos (ou baixa priorização) para inovação
- dificuldade em exercer seu papel de articulador, uma vez que não compreender as demandas e linguagem dos demais agentes
- baixa atração de investimento privado
Dessa forma, políticas públicas e programas de governo que busquem coordenar e estimular parceria universidade-empresa são necessários e proveitosos. Para que haja êxito, devem focar seus esforços na superação desses obstáculos, trabalhando em conjunto com os outros agentes.
O Programa de Incentivo à Inovação (PII): desenvolvimento tecnológico como programa de governo
Uma referência de programa que ganha força frente tais desafios é o Programa de Incentivo à Inovação (PII). Exemplo de ação interinstitucional, o PII foi originalmente idealizado pelo Governo de Minas Gerais, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG) e com as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs).
O PII ocorreu entre os anos de 2007 e 2016. O objetivo do programa foi fomentar a cultura empreendedora nas Universidades por meio da:
- conscientização e mobilização da comunidade acadêmica, órgãos de fomento, empresas e parceiros locais;
- investigação e apoio ao desenvolvimento de tecnologias acadêmicas capazes de gerar inovações tecnológicas de produtos e processos.
A metodologia do PII foi implementada em 16 edições em instituições de pesquisa e ensino do estado de Minas Gerais, incluindo a UFMG â Belo Horizonte (2 edições), UFV – Viçosa (2 edições), UFLA â Lavras (2 edições), UNIFEI â Itajubá (2 edições), UFOP â Ouro Preto, UFU – Uberlândia, UFJF â Juiz de Fora, entre outras.
O Programa de Incentivo à Inovação (PII) em números
Dados fornecidos pelo governo do estado demonstram os resultados tangíveis alcançados pelo PII. Ao longo do programa:
- mais de 1000 projetos de inovação foram submetidos;
- mais de 330 Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica, Comercial, Impacto Ambiental e Social (EVTECIAS) ;
- mais de 22 novas empresas foram abertas ou fortalecidas;
- mais de 20 transferências para empresas de terceiros foram realizadas;
- mais de 660 pesquisadores e alunos capacitados;
Como fruto do programa, foi criado um banco de oportunidades tecnológicas, respeitando-se as vocações locais. Estas foram apresentadas para possíveis interessados em realizar o seu potencial de uso e geração de valor econômico.
Portanto, o resultado do PII foi tornar viável a transferência da tecnologia acadêmica para empresas existentes; Além disso, possibilitou a criação de novas empresas de base tecnológica.
O PII mostra como é possível concretizar projetos de desenvolvimento. tecnológico. Continue a leitura do artigo e entenda como as universidades têm um papel significativo para permitir essa concretização.
As universidades como motor de desenvolvimento
Com resultados positivos para o desenvolvimento tecnológico e social do país, a contribuição da universidade fica clara. Assim, sai fortalecida a ideia da universidade brasileira como contribuinte direta e efetiva do desenvolvimento. Até o seu papel nas alternativas de resolução das dificuldades da captação de recursos é percebida.
Dessa forma, as empresas nacionais passam se relacionar mais do conhecimento gerado na academia, aumentando assim sua capacidade de inovação tecnológica e sua competitividade internacional. Para o estado, tais relações são garantias de um retorno maior, mais mensurável e capaz de gerar maior efeito sobre o sistema de inovação brasileiro.
Por sua vez, os pesquisadores beneficiam-se dessas relações, seja pela troca de informações, desenvolvendo pesquisas aplicáveis pelas empresas, seja pela própria questão financeira e de estrutura. Afinal, o mercado é o verdadeiro usuário e avaliador das tecnologias desenvolvidas.
Ao final, fica clara a importância das universidades e instituições de ciência e tecnologia no desenvolvimento tecnológico e científico do país. Porém, isoladas e sem investimento, seu retorno é drasticamente reduzido.
O que você acha do papel desses três atores no desenvolvimento? Compartilhe nas suas redes esse artigo para debatê-lo com outros interessados, e aproveite e confira nossa página!
Entenda neste artigo como o desenvolvimento tecnológico é impulsionado por programas como o Programa de Incentivo de Inovação, pelo modelo tríplice hélice.
As Instituições de Ciência e Tecnologia são conhecidas pelo seu papel essencial na geração de soluções inovadoras para os problemas atuais. Porém, elas nem sempre são lembradas como protagonistas no desenvolvimento tecnológico e socioeconômico do país. Um bom lembrete: você conhece os dados sobre o papel dessas instituições na economia?
O aumento do PIB de regiões vizinhas a universidades é confirmado em 78 países, segundo este estudo que analisou mais de 15.000 instituições por 60 anos. Os autores estimaram que um aumento de 10% no número de universidades, per capita, significa um aumento de 0,4% no PIB local. Isso devido à formação de pessoas qualificadas e à inovação.
Em meio à escassez de investimentos no desenvolvimento científico e tecnológico, muitas vezes bons programas já realizados ficam esquecidos. Sabia que em Minas Gerais temos um programa que investiu em ações que impulsionam esse papel das universidades?
Confira no artigo como o Programa de Incentivo à Inovação (PII) usou o modelo tríplice-hélice para desenvolver o estado de Minas Gerais.
Tríplice Hélice: a sociedade acompanhando a universidade na inovação
As universidades são centrais no desenvolvimento econômico, mas não são exclusivas. Por mais que sejam a origem de diversas inovações, precisam de ajuda para que não se tornem seus limites. Pensando nisso, o modelo Tríplice Hélice foi desenvolvido.
O modelo Tríplice Hélice foi proposto pelos professores Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, e propõe a participação conjunta de governo, empresas e academia no sistema de inovação. Nele, o governo estimula a inovação descoberta na universidade a atingir a sociedade através da resolução de problemas pelas empresas.
Mais que apenas âentregarâ tecnologia da universidade para as empresas, o Tríplice Hélice leva à criação e transformação de instituições. Ao final, é estabelecida uma dinâmica de mudança no sistema de inovação que se retroalimenta e leva a um novo paradigma tecno-econômico.
Esse novo papel tem crescido significativamente e aumentado sua relevância desde meados da década de 1980. Isso devido a leis de propriedade intelectual e investimento governamentais, que incentivaram o desenvolvimento e comercialização de tecnologias criadas em universidades.
O Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação abre oportunidades que facilitam essa interação. Ele simplifica procedimentos para gestão de projetos de ciência, tecnologia e inovação, além de adotar controle por resultados em sua avaliação. Todavia, ainda precisa ser regulamentado nas instituições.
Mais que apresentar boas ideias, exemplos reais são fundamentais. Veja a seguir casos que trazem mais elementos para compreender.
Três exemplos reais que ilustram a teoria:
Departamento de Ciência da Computação (DCC) da Universidade Federal de Minas Gerais: unidade Embrapii de Softwares para Sistemas Ciberfísico;
Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG): Inatel Competence Center, unidade Embrapii na área de Sistemas de Comunicação Digital e Radiofrequência:
Campus da Universidade Federal de Itajubá em Itabira (MG): grande aposta da cidade para a diversificação econômica da região a partir da diminuição da atividade mineradora na região na próxima década.
Os obstáculos do desenvolvimento tecnológico
Apesar da evolução gradativa, os obstáculos são grandes.
Por parte da universidade:
- baixa valorização da Instituição, em especial das pesquisas aplicadas
- descontinuidade dos projetos
- lentidão, devido às questões burocráticas
- escassez de recursos financeiros
Por parte das empresas:
- baixo investimento em projetos que possam assumir riscos
- necessidade de resultados imediatos
- pouca valorização da tecnologia (foco na inovação incremental em detrimento à disruptiva)
- desconhecimento do potencial de pesquisa das universidades.
Por parte do governo:
- políticas públicas que não valorizam a inovação e o desenvolvimento tecnológico
- escassez de recursos (ou baixa priorização) para inovação
- dificuldade em exercer seu papel de articulador, uma vez que não compreender as demandas e linguagem dos demais agentes
- baixa atração de investimento privado
Dessa forma, políticas públicas e programas de governo que busquem coordenar e estimular parceria universidade-empresa são necessários e proveitosos. Para que haja êxito, devem focar seus esforços na superação desses obstáculos, trabalhando em conjunto com os outros agentes.
O Programa de Incentivo à Inovação (PII): desenvolvimento tecnológico como programa de governo
Uma referência de programa que ganha força frente tais desafios é o Programa de Incentivo à Inovação (PII). Exemplo de ação interinstitucional, o PII foi originalmente idealizado pelo Governo de Minas Gerais, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG) e com as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs).
O PII ocorreu entre os anos de 2007 e 2016. O objetivo do programa foi fomentar a cultura empreendedora nas Universidades por meio da:
- conscientização e mobilização da comunidade acadêmica, órgãos de fomento, empresas e parceiros locais;
- investigação e apoio ao desenvolvimento de tecnologias acadêmicas capazes de gerar inovações tecnológicas de produtos e processos.
A metodologia do PII foi implementada em 16 edições em instituições de pesquisa e ensino do estado de Minas Gerais, incluindo a UFMG â Belo Horizonte (2 edições), UFV – Viçosa (2 edições), UFLA â Lavras (2 edições), UNIFEI â Itajubá (2 edições), UFOP â Ouro Preto, UFU – Uberlândia, UFJF â Juiz de Fora, entre outras.
O Programa de Incentivo à Inovação (PII) em números
Dados fornecidos pelo governo do estado demonstram os resultados tangíveis alcançados pelo PII. Ao longo do programa:
- mais de 1000 projetos de inovação foram submetidos;
- mais de 330 Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica, Comercial, Impacto Ambiental e Social (EVTECIAS) ;
- mais de 22 novas empresas foram abertas ou fortalecidas;
- mais de 20 transferências para empresas de terceiros foram realizadas;
- mais de 660 pesquisadores e alunos capacitados;
Como fruto do programa, foi criado um banco de oportunidades tecnológicas, respeitando-se as vocações locais. Estas foram apresentadas para possíveis interessados em realizar o seu potencial de uso e geração de valor econômico.
Portanto, o resultado do PII foi tornar viável a transferência da tecnologia acadêmica para empresas existentes; Além disso, possibilitou a criação de novas empresas de base tecnológica.
O PII mostra como é possível concretizar projetos de desenvolvimento. tecnológico. Continue a leitura do artigo e entenda como as universidades têm um papel significativo para permitir essa concretização.
As universidades como motor de desenvolvimento
Com resultados positivos para o desenvolvimento tecnológico e social do país, a contribuição da universidade fica clara. Assim, sai fortalecida a ideia da universidade brasileira como contribuinte direta e efetiva do desenvolvimento. Até o seu papel nas alternativas de resolução das dificuldades da captação de recursos é percebida.
Dessa forma, as empresas nacionais passam se relacionar mais do conhecimento gerado na academia, aumentando assim sua capacidade de inovação tecnológica e sua competitividade internacional. Para o estado, tais relações são garantias de um retorno maior, mais mensurável e capaz de gerar maior efeito sobre o sistema de inovação brasileiro.
Por sua vez, os pesquisadores beneficiam-se dessas relações, seja pela troca de informações, desenvolvendo pesquisas aplicáveis pelas empresas, seja pela própria questão financeira e de estrutura. Afinal, o mercado é o verdadeiro usuário e avaliador das tecnologias desenvolvidas.
Ao final, fica clara a importância das universidades e instituições de ciência e tecnologia no desenvolvimento tecnológico e científico do país. Porém, isoladas e sem investimento, seu retorno é drasticamente reduzido.
O que você acha do papel desses três atores no desenvolvimento? Compartilhe nas suas redes esse artigo para debatê-lo com outros interessados, e aproveite e confira nossa página!